Do mesmo local a vida começou e acabou

A mensagem no WhatsApp não trazia engano...Por mais fora da realidade que pudesse soar, a vida de uma querida pessoa tinha acabado ali. Tinha acabado exatamente onde todos, inclusive ela, íamos começar um novo capítulo na vida.

Haviam se passado 3 anos e finalmente os planos de trazer os pais do meu marido para viver conosco estava para se tornar realidade. Sunny havia viajado 3 meses antes para a Índia para ajudar na mudança e assim que chegou no Brasil a mensagem no celular não dizia venha nos buscar, mas sim que minha sogra havia sofrido um ataque cardíaco durante a viagem e não resistiu.

Não era a primeira vez que isso me acontecia. Aos 11 anos meu pai também não reistiu. Sofreu um acidente de carro e nos deixou.Talvez por isso ou não eu aprendi a resistir logo cedo. Entendi os ciclos da vida prematuramente do que deveria, acho, e passei a viver com mais presença. Aprendi a por mais vida no tempo, do que tempo na vida.

Sabendo que muito não dava para ser feito, a não ser pegar as meninas e dirigir até o aeroporto. Lá fui eu ao encontro do Sunny, seu pai e toda uma história longa de dor que tinha que ser resolvida em poucas horas.

A morte tem uma parte prática inegável. Meu marido costuma dizer que o corpo que tanto amamos em vida, não suportamos na morte. Ele se decompõe, cheira e nos faz querer estar longe o mais rápido possível. Cadáver é um nome sombrio para algo que abraçamos, tocamos e amamos.

Uma vinda que significava uma nova etapa , escondia divinamente que a nova etapa não era onde planejávamos.

Depois de muita conversa decidimos mudar para a Índia. Em 24 horas os planos de 3 anos mudaram de direção na bússola e o.tempo que tem sua moeda própria tornou-se escasso para tanta coisa a se fazer.

Em 4 meses deixamos um tanto de coisa para trás. Para mim mais precisamente 18 anos vivendo na cidade de praia que a princípio eu iria viver 2 anos. Menina da cidade grande, de São Paulo,mudei para o Guarujá em busca também de um.novo, novo início.

À chegada a India foi conhecida. Eu venho viajando à India há mais de 10 anos e tantas coisas aconteceram entre essas indas e vindas. A diferença agora é que eu trazia em duas malas a minha vida no Brasil. Roupas, poucos livros e um tanto de flexibilidade para resistir o suficiente para achar um novo chão, uma nova forma de viver, uma nova história.

E um pouquinho sobre isso é que vou contar nesse blog nas próximas semanas...

E você? Me conta já começou do zero sem ter planejado?